Era meia noite em ponto, andava pelas ruas da Liberdade, era como se não houvesse vida noturna naquele lugar. E eu como um perfeito Gaijin, que aos não habituados ao japonês fajuto do qual me expresso, Gaijin significa estrangeiro, ou algo do gênero. bebia saquê gelado, e garoava em minhas costas.
Passando umas duas ruas a frente de onde estava, vi uma cena deprimente, um senhor velando o corpo de seu cachorro que acabara de morrer, passei reto por ele, não queria saber de baboseiras sentimentalistas, eu estava louco pra mijar isso sim. mas alguma coisa me fez dar meia volta e me agachar junto ao velho. ofereci um trago do saquê, ele aceitou brindou em silêncio e bebeu um gole da garrafa.
Permanecemos em silêncio, até que ele murmurou algo em japonês ou coreano, pra falar a verdade não me importo se são diferentes, o lance é que eles produzem boas bebidas. eu ainda em silêncio acariciei o corpo do cachorro que estava no colo do velho. Brindei em silêncio e traguei o saquê. Ficamos ali por um bom tempo. velando o cadáver, quando me levanto me curvo em sinal de respeito e saio. Ao virar as costas ouvi um latido, não acreditei e virei para olhar nitidamente. Não era possível, o filho da puta do cachorro estava vivo, e ainda por cima latindo. A única coisa que consegui pensar foi "que belo filho da puta eu sou".
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