Le cri de la veuve

 


Pedro Emmanuel, Mathew

Ela com seus vinte e poucos anos... entra e pede um chop. Balcão Noite Temperatura baixa. O Barman lhe pede alguns segundos, em seguida lhe serve um caneco de chop tupiniquim. Ao fone de ouvido... Le cri de la veuve... acho que é alguma peça de algum compositor. Lembrou ela que Parfum, era perfume em francês, antes da meia noite é claro, era como se fosse um pretexto. Tira um cigarro da carteira e faz um gesto para o carinha do lado acende-lo. Força do habito. Não é permitido fumar aqui, dona. Esqueceu-se de que estava na zona alta da cidade, não era permitido. Again, força do habito. Então, retorna o cigarro para a carteira e servindo de uma boa bebida, repara pela primeira vez. Varrendo com os olhos lentamente o salão, de costas para o bar.  A casa estava cheia, seu casaco... destacava-a na multidão, talvez proposital. Virou os olhos prendendo-os numa placa anti-tabagismo, um pouco controverso já que a fumaça de narguilé pairava no ar. Só queria desfrutar de seu cigarro em paz, pensou. Bebeu um gole. O cabelo na nuca lhe incomodava. Prendeu. Estava um puta calor dentro daquele casaco. Parece ansiosa... ouviu uma voz doce que jurava vir de sua cabeça. Dona? Tudo bem?. Sim, obrigada. Está nervosa, não?. Quê?. Espera ai... O barman tirou o pano do ombro e enxugou as mãos. Pôs uma plaquinha de metal com um vaso sanitário desenhado à riscos, em cima do balcão. Retirou um isqueiro do bolso e fez um gesto indicando para a porta. Vamos?. Ela deu um risinho ao perceber que era uma privada riscada à mão... Claro. Saíram e acenderam simultaneamente um pigas. Eai, melhorou?. Muito. E se lembrou que tudo se resolveria, naquele teco de nicotina. Algumas miligramas e estaria tudo bem.

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