Um dois três... Esse caiu por
perto, arrisco a dizer que caiu na rua de baixo, pelo estrondo que fez. Mas
nada disso teria acontecido se ela ao menos me escutasse, ao invés que querer
dar as caras por ai. Comendo compulsivamente as borboletas do jardim e vomitando-as
sobre quem nem tem culpa. Se há culpa. Acontece, querida, a gente nasce cresce
se apaixona e chora por ai, pelos cantos, relâmpagos e raios. Veja só, magoada
e pedindo, agora, para que alguém limpe o sangue de suas veias. O travesseiro
babado e encharcado pelas lagrimas que escorrem de seus olhos, revela um dia
difícil. Para acalma-la foi, chá de camomila e eu, consolando e repetindo inúmeras
vezes que a Lua não estava em Peixes, nem em Sagitário ou Saturno. Acendi um cigarro para ela e esperei que desse a primeira
tragada para colocar algum som na vitrola do papai. Erick Satie, bem baixo.
Adorava esse, ela dizia que tocaria como Satie... Algum dia. Os relâmpagos cessaram
e, junto deles as lágrimas também. Adormeceu e então fiquei ali, com a cabeça
dela em meu peito e as caricias em seus cabelos ondulados. Pedindo aos céus que
a Lua não estivesse mesmo em Saturno.
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