Limorango

 




 Pedro Emmanuel, Mathew

Já era madrugada quando consegui(ou pelo menos tentei) resgatar oque sobrou do bolo; a parte que não estava tão carbonizada. Parecia uma rocha alaranjada, não só a textura de uma, mas também a consistência. Lixo. Não havia salvação. Pus um copo de café requentado e apreciei a infinita queda da assadeira(igualmente desgraçada) na lata de lixo. Não sabia se conseguiria tentar essa tarefa novamente; fora que nem ingredientes eu encontraria. Parti para o obvio. Tão claro, tão... visível, agora. Mousse de Limão. Oque poderia dar errado?

Deu tudo errado. Ele não endurecia, não criava consistência de Mousse. Parecia mais um mingau. Ficou a noite inteira gelando mas não adiantou. O sabor? Ok até; pronto para atacar a diabetes de qualquer um que cruzasse o caminho. Acendi um cigarro e pensei: Cal. Usam em doces, não? Não, definitivamente não; não quero que meu mousse vire reboco de parede, tenho apreço por ele. Recorri então à gelatina sem sabor; o ideal. Tinha. De morango; foi a que encontrei. Vai assim mesmo.

O resultado já era esperado. O mousse criou consistência; Mag-ní-fi-co. Tinha um porém(um “porém” bem grande), acho que perceberiam não só pelo gosto, mas pela cor, que não era apenas de limão. Tinha um “toque” de morango; e a cor? Rosa, lógico. Mas acho que estava gostoso, digo, o doce do morango deve contrastar com o acido-azedo do limão. Conceitos, irmão, culinária é sobre conceitos.

Queria me convencer de que havia feito um bom trabalho, mas a quem eu enganaria? Estava tudo uma merda.

Comentários