MILAGRES



Pedro Emmanuel

Me recordo dos teus olhos azuis...brilhantes e tristes aos cantos; lágrimas. Seu sorriso, abrasivo e quente, era o que me mantinha seguro; quem me dera, morar nesse momento para toda a eternidade. Os cabelos, a pequena costeleta, esvoaçantes ao vento, sucumbindo à janela aberta. As palavras que eu pronunciaria para descrever sua presença, iriam se embolar e se enrolar, iquaizinhas àquele novelo de lã, guardado na gaveta da sala e então eu não saberia quais os protocolos um-bom-filho deveria seguir; ir, não ir e ser-ou-não-ser, seriam um dos dilemas que eu enfrentaria. Porém, assim como o Verbo, tudo virá a ser concreto, principalmente se tocado por suas mãos, mãe.... Suas mãos rachadas e virtuosas; milagres acontecem.

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