Cida

 


Um corte. Uma lambida de lâmina. Um coração partido. Um gesto. Uma rosa amarela. Uma Lágrima. Duas. Três e por aí vai. Um adeus. Eterno adeus? Deus? Me perdoe por blasfemar perante ti, ó Pai. Pai... mas cadê a mãe? Deus é mãe? Deus existe? Bom, se existe eu não sei. Mas sei que o corte arde e memento mori. E as palavras terrenas de conforto que já não surgem efeito. Soam como escárnio, aos meus ouvidos. Minha tia, minha prima, minha vó e minhas meias palavras não bastam para a justiça cristã. Se é que há uma. Pois agora, deixo parte de mim, de minhas culpas e minhas angústias, de minhas certezas e parte de minha alma, nesse texto. Peço benção. "Bença, vó", "Deus abençoe, meu fiu". E essas palavras, ultimas, póstumas ou pesadas demais para se por a mesa, essas, que parte meu coração, e que dilascera-se as em saudade e vazio. Le Vie est a vide, agora. Me despeço e rogo pela tua alma. "Deus abençoe, meu fiu".

Comentários